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Análise das ações das varejistas de moda: modelo DuPont, P/L e outras métricas

Com o aquecimento do mercado acionário a partir de 2004, Hering, Marisa e Restoque passaram a fazer companhia às Lojas Renner e à Gurarapes, empresas de capital aberto desde 1967 e início da década de 70, respectivamente.

Em alguns setores econômicos, apenas uma variável possui papel de relevo no desempenho das ações. Por exemplo, no segmento de incorporação imobiliária, os juros básicos da economia assumem essa função enquanto no de mineração é o preço do minério de ferro. É lógico que outras variáveis são importantes, mas essas são decisivas para indicar a tendência do preço das ações das empresas do setor.

Contudo, no varejo de moda, a análise é mais complexa. Observando o múltiplo P/L (preço por lucro) das ações de Lojas Renner (LREN3), Marisa (AMAR3), Guararapes (GUAR3) e Hering (HGTX3), percebe-se que o nível do múltiplo negociado não responde apenas a uma variável. Analisei essas ações pelo método DuPont, crescimento do lucro passado e futuro, endividamento e liquidez diária. Cada papel responde de uma forma a essas variáveis. Foi possível observar duas distorções de preço após a análise: uma ação parece estar barata e outra cara.

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Falta um Abilio Diniz na Petrobras

Na última semana, o governo anunciou a troca do comando da Petrobras. Saiu Maria das Graças Foster, funcionária de carreira da petrolífera, e entrou Aldemir Bendine, ex-presidente do Banco do Brasil, outra estatal.

O mercado reagiu mal com as ações da Petrobras caindo mais de 7% na última sexta feira. Perdeu-se uma excelente oportunidade de devolver alguns bilhões ao valor de mercado da empresa. Ao trazer um executivo próximo ao governo, a presidente demonstra, mais uma vez, sua dificuldade de entender a dinâmica do mercado. Bastava estudar o desempenho recente das ações da BRF  (BRFS3) que responderam bem à troca de comando da empresa mesmo com um resultado operacional ainda fraco.

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Cuidado ao dizer que sua ação está barata

Em outubro, escrevi sobre as ações da Usiminas. A tese era a de que os investidores estavam comprando as ações ordinárias da siderúrgica (USIM3), mirando o direito ao “tag along”, ou seja, receber 80% do valor pago pelas ações do controlador em caso de troca de controle. Segundo minha hipótese, a razão da aquisição das ações derivava mais de um evento societário do que dos resultados operacionais da empresa. Alguns leitores, em e-mail enviado, deram argumentos de que as ações preferenciais da empresa estavam baratas. Embora meu enfoque tenha sido sobre as ações ordinárias e não sobre as preferenciais, tentarei respondê-los a seguir.

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As ações cíclicas e a análise fundamentalista

Existem empresas que atuam em setores no qual o ambiente macroeconômico exerce forte influência sobre a atividade operacional. São as chamadas companhias cíclicas, como as dos segmentos de commodities e imobiliário. Por outro lado, outros setores econômicos apresentam maior resiliência a variáveis como a inflação e o nível da atividade econômica. O melhor exemplo é o do setor elétrico cujas empresas possuem contratos nos quais as receitas são indexadas pela inflação e o nível do faturamento não se altera drasticamente se a economia passa por um momento de recessão ou de prosperidade.

Apesar da mudança na metodologia de cálculo do Ibovespa, a bolsa brasileira ainda apresenta muitas empresas cíclicas, como Vale, Petrobras, Fibria e as ações das incorporadoras imobiliárias. Essa composição torna a análise da bolsa brasileira desafiadora. É o que vemos agora no setor imobiliário. Após forte queda no preço das ações e múltiplos convidativos, é hora de se posicionar em ações do segmento?

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Outros obstáculos ao IPO da Caixa

No último post “IPO da Caixa: sem noção da realidade”, comentei que, em um momento no qual ocorrem graves problemas de governança corporativa na Petrobras e na Eletrobras, o anuncio da abertura de capital (IPO, na sigla em inglês) da Caixa Econômica Federal feito pela presidente Dilma Rousseff era fora de propósito. Antes dessa medida, os limites de atuação das estatais precisam ser discutidos. Elas devem visar o interesse público à custa do caixa dessas empresas com prejuízo para os acionistas minoritários? Esses devem pagar por benefícios destinados a toda a coletividade? A CVM (Comissão de Valores Mobiliários) e o STF (Supremo Tribunal Federal) devem se debruçar sobre o tema nos próximos meses. Além dos argumentos utilizados no artigo anterior, excelente reportagem de Fernando Torres do Valor Econômico mostra outro argumento contrário ao IPO: a fragilidade do lucro da Caixa Econômica Federal.

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