Posts do autor Andre Rocha

O valor justo das firmas, o risco ambiental e o Teorema de Coase

A governança corporativa ganhou relevância nos últimos vinte anos. Hoje, companhias que insistem em desrespeitar os direitos dos acionistas minoritários veem suas ações negociarem com desconto em relação aos papéis de suas concorrentes.

Por outro lado, eventos relacionados ao meio ambiente ainda são pouco estudados pelos investidores. O tema somente entra na agenda quando ocorrem tragédias ecológicas como a do rompimento da barragem da mineradora Samarco. A preocupação dos analistas passou a ser quantificar a indenização a ser paga pela mineradora Vale, controladora da Samarco. Essa indenização reduz o valor justo da Vale. Esse caso mostra que os investidores somente precificam o risco ambiental “a posteriori”, ou seja, após o dano ter ocorrido.  O teorema de Coase, atribuído ao microeconomista britânico Ronald Henry Coase – prêmio Nobel em 1991 -, nos ajuda a entender que o risco ambiental deve ser calculado antecipadamente, reduzindo de imediato o valor justo da firma e não apenas quando o dano ambiental já tiver ocorrido.

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Como medir a governança corporativa?

A governança corporativa se assenta em conceitos subjetivos como, por exemplo, o alinhamento entre controlador e minoritário.  Mas como quantificá-la?

Existem benefícios de as companhias serem transparentes, pois facilita a captação de recursos por intermédio de dívida ou emissão de novas ações o que ajuda a impulsionar o valor econômico no médio prazo. Mas quais itens relacionados à governança o investidor deve observar antes de comprar a ação de uma companhia?

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O raro brasileiro prudente, os imprudentes e a reforma da previdência

Se fizermos uma rápida consulta ao Google1, descobrimos que o termo “previdência” refere-se à: (i) capacidade de antever o futuro, cujos sinônimos são presságio, antevisão, prognóstico e (ii) prudência e precaução em relação ao futuro que pode ser substituído por prudência, precaução, diligência. Será que os que reagem contrariamente à reforma da previdência estão sendo prudentes?  O diagnóstico que fazem da situação financeira da previdência social é isenta? E o impacto dessa reforma para os investimentos?

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A alma imoral das “start ups”

O rabino Nilton Bonder, em seu livro “A Alma Imoral”, mostra que o ser humano luta constantemente entre duas forças antagônicas: a tradição e a traição. A primeira leva o homem a privilegiar a rotina, o antigo. É seu instinto de preservação. Ao mesmo tempo sua alma é tentada a romper com o passado, buscando o aprimoramento, a evolução. As “start ups” representam essa faceta revolucionária, traidora. Contudo, o desafio para entendê-las é enorme.

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Pseudoprivatizações: qual a intenção do governo?

O forte crescimento dos gastos públicos nos últimos anos tornou a máquina estatal maior do que seu orçamento. Isso ocorreu no âmbito da União e em diversas federações. Com a receita tributária ainda capenga devido à fraca recuperação da economia, os governos tentam transferir para o setor privado alguns de seus ativos. Mas os processos demonstram que essas alienações não decorrem da convicção ideológica de que a empresa pública se tornará mais eficiente nas mãos privadas o que melhorará a produtividade da economia. O intuito é apenas arrecadar caixa para cobrir o rombo do orçamento público. Os processos de alienação das ações da BR distribuidora e da Banrisul, cujos controles permanecerão com os entes públicos, apenas refletem esse pensamento.

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