Pode se dizer que, em seu primeiro mandato, a presidente Dilma Rousseff errou praticamente tudo o que tentou em termos de política econômica. Sua reeleição lhe deu a oportunidade de consertar os desacertos. Contudo, uma visão econômica intervencionista e dificuldades na composição de sua base econômica a impedem de implementar uma agenda econômica positiva.
Muito se comenta sobre os montantes desviados da Operação Lava-Jato, mas os erros de condução da economia acarretaram perdas muito maiores à sociedade brasileira. Como Delfim Netto nos lembra semanalmente, a economia é movida pelo espírito animal do empreendedor. Mas a presidente dificilmente conseguirá restabelecer a confiança, embora ainda faltem três anos para o fim do mandato.
Dilma já pode ser considerada uma das piores, senão a pior, presidente da história. E olha que os competidores são fracos como, por exemplo, Deodoro da Fonseca e sua política do encilhamento, Collor e os desmandos de sua administração e Sarney e a hiperinflação do seu governo. Resta saída?
O mercado de capitais, assunto preferencial dessa coluna, encontra-se paralisado, especialmente em emissão de ações e dívida. A única atividade que ainda gera negócios é a de fusões e aquisições. Com a desvalorização cambial, nossas empresas ficaram baratas em dólares para o investidor estrangeiro. Fina ironia para um governo de esquerda que entrega de bandeja nossas depreciadas empresas ao capital externo.
Mas não são apenas as empresas privadas que são vítimas do governo. A Petrobras também sofre com a administração do PT. O leigo pode considerar que isso tenha ocorrido principalmente em decorrência dos desvios tornados públicos pela Operação Lava-Jato. Ledo engano. A política de preços no primeiro mandato gerou um rombo de caixa de R$ 60 bilhões em decorrência do preço de importação dos derivados de petróleo ser superior ao preço interno mantido subsidiado pelo conselho de administração da empresa liderado por membros indicados pelo governo. Essa perda derivada da política equivocada de preços representa dez vezes o valor contabilizado como propina. Como disse um amigo: “o ‘rombo’ de caixa foi bem maior do que o ‘roubo’ de caixa”. Contudo, esse não foi apenas o único erro no setor de petróleo. A alteração da regulamentação das áreas do pré-sal com a mudança do sistema de concessões para o regime de partilha travou a realização de novos leilões. A vulnerabilidade financeira da Petrobras não permite que a companhia atenda à obrigatoriedade de participação societária mínima e à exigência de que seja a única operadora nos novos blocos. Assim, a queda do preço do petróleo, a nova regulação e a Operação Lava-Jato fizeram os investimentos no segmento reduzirem-se. Além disso, a obrigatoriedade da contratação de produtos com conteúdo nacional também elevou o custo dos investimentos.
Mas os erros não se restringiram à microeconomia. O arrefecimento da economia alimentou a ânsia intervencionista do governo que promoveu desonerações tributárias que tiveram efeito nefasto sobre a formação dos superávits primários. O único efeito prático foi a elevação da dívida bruta do país. Mas o eleitor brasileiro é compreensivo e lhe concedeu mais um mandato para desfazer esse equívoco, o que ocorreu em 2015.
Outra intervenção na economia foi o incremento do crédito por intermédio dos bancos públicos: BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social], Banco do Brasil e Caixa Econômica. No caso do BNDES, o lastro foi concedido pelo Tesouro Nacional, o que também fez elevar a dívida bruta.
As chamadas pedaladas fiscais do primeiro mandato, questionadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU), reduziram a transparência da contabilidade pública e a confiança dos agentes econômicos no governo. Será que os responsáveis esperavam que o mercado acreditasse nesse superávit primário maquiado? Mas o tolerante eleitorado concedeu à presidente mais um mandato para consertar mais um erro. O Tesouro começou a desconstruir as pedaladas ao longo de 2015.
O setor de energia elétrica, no qual em teoria Dilma Rousseff mais teria conhecimento, também foi vítima durante a renovação das concessões das geradoras. A Eletrobrás, controlada pela União, aceitou as novas regras que objetivava a redução das tarifas, o que deveria ser preocupação do governo e não da estatal. Quem pagou a conta? Os minoritários da empresa que nem dividendos recebem mais devido aos seguidos prejuízos e à extinção das reservas.
No momento, sem qualquer convicção, o governo busca a qualquer custo retomar a credibilidade. A presidente fala em reformar a Previdência, mas, por outro lado, tenta reativar a economia com uma prática que já fracassou: utilizar os bancos públicos para alavancar o crédito. Nenhuma novidade para um governo errático na política econômica. Dilma já garantiu o título de uma das piores presidentes da história. Para ter um governo ao menos medíocre, ela teria que melhorar muito, mas já demonstrou falta de competência para tanto. Renunciar seria uma das poucas possibilidades de melhorar sua imagem. Mas será que terá discernimento suficiente para tomar essa decisão?
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Assista minha participação no programa de Heródoto Barbeiro na Record News na ultima sexta (22/01/16) falando sobre a Petrobras.
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O texto faz uma boa síntese da incrível administração Dilma.
Mas pediria se seria possível traçar em linhas gerais, em um próximo artigo.
As consequências para os próximos anos, pois acredito que teremos sérias consequências por muitos anos ainda.
Observando a ideologia e a base política do PT, somado as características da Sra. Dilma, temo que nada do que é óbvio como alternativa para minimizar o gigantesco problema criado será feito.
Baseado em como eles agem e pensam, será que passarão a emitir sem lastro, como forma de pagar a dívida criada ?
Estaremos iniciando um ciclo de inflação muito alta, e de Real ainda muito mais desvalorizado ?
Eu também penso muito nisso! Vivo me perguntando se, diante de tanta incompreensão do que realmente é a Economia e o seu funcionamento, o Nelson Barbosa não vai aceitar emitir sem lastro. Seria a cara da Dilma. No momento em que isso acontecer, estamos contratando mais uns 30 anos de miséria progressiva, uma espiral de pobreza dificílima de reverter. E aí André Rocha, o que você acha?
Luiz, matou a pau quando mencionou: “Baseado em como eles agem e pensam”.
Só pode ser o efeito do baseado, pois ninguém em sã consciência faria o que se fez com uma nação. Tu tens razão, serão demandados anos a fio para arrumar a casa, lembrando que sob esta batuta ainda tem muito para piorar.
Faco minhas as perguntas do L. Adriano, e adianto que sim, “eles”, se conseguirem manter o poder, farão exatamente isto.
Muito bom a retrospectiva. Apenas esqueceu-se de citar os cinco anos durante os quais os leilões de petróleo ficaram suspensos. Isto marcou o início do declínio do setor pela progressiva redução de investimentos e de absorção de tecnologia. Progressivamente as empresas prestadoras de serviço foram saindo.
Excelente artigo e uma análise muito clara das ações e decisões erráticas que vem sendo continuamente tomadas por esse governo. Creio que é hora de todos nos unirmos para buscar soluções para problemas que não foram criados por nós, mas que hoje nos afetam profundamente e que continuarão nos afetando por muitos anos. Infelizmente.
Parabéns senhor André por sua análise, ela reflete o sentimento atual de todo brasileiro empreendedor e sensato, aliás o Brasil é o paraíso das crises, essa porém é de uma mediocridade sem tamanho.
Muito bom o texto. Eu diria que Dilma já é a pior presidente da história do Brasil. Nada do que ela fez no primeiro mandato justificava sua reeleição. Foi reeleita através de uma campanha mentirosa, que omitiu fatos relevantes e ainda ameaçou os beneficiários dos programas de transferência de renda. Gastou como nunca para se reeleger, pois o que importa para o PT é o poder. Por mais radical que seja, só há um caminho decente para o Brasil: a redução do Estado Brasileiro, com a venda de TODAS as empresas estatais, redução de Ministérios, eliminação de cargos comissionados, redução de pelo menos 30% de funcionários federais, e outras medidas semelhantes de cortes de custos. Outra medida importante seria a extinção de pelo menos 40% de todas as cadeiras legislativas em todo o Brasil, a nível de Congresso, Assembléias Legislativas e Câmaras Municipais. O Brasil não precisa de tantos “legisladores”, mas de homens honestos que queiram trabalhar pelo bem de toda a sociedade.
Parabens André pelo artigo. Explicou de maneira simples e direta a situação calamitosa que nos encontramos. E mesmo que se demita, ainda vai demorar a reconstruir o Brasil na situação atual.
Todo esse comentário é inócuo e infrutífero, visto que em 2018, o “Iluminati”, o ungido, o abençoado, o magnânimo.
Voltará, jogando esperança vans a Povo Bovino (conhecidos como brasileiros), que aceitará passivamente a nova mensagem do Messias LULA.
Vai prometer um estado que protetor na propaganda eleitorais com novos benefícios sociais.
A grande mídia via direta ou por estatais receberá gordas verbas publicitárias .
Se e qdo essa mídia fizer alguma crítica vai ser bem água com açúcar.
Nos bovinamente que somos em tudo vamos acreditar e mais uma vez.
Eleito e abençoado pra fazer o que quiser , ele será.
E a canalhice abençoada vai continuar, sabe lá Deus porquanto tempo meu chará.
Bom artigo.
Há um monstro no armário, que ninguém ousa comentar. E se a Petrobras ficar insolvente? A empresa parece estar caminhando a passos largos para uma situação em que não poderá arcar com a rolagem de sua dívida. Convenhamos, +20% no aumento do passivo de longo prazo, no nível em que estava em 2014, não é exatamente uma situação confortável. E pior: não existe cofre porquinho grande o suficiente para salvá-la – o Tesouro simplesmente não tem como financiar a empresa, como o próprio Bendine ouviu do Sec. do Tesouro ano passado.
Logo, a pergunta é: se a Petrobras quebrar, quem vai salvá-la? Chapolim Colorado?
Excelente análise. Apenas complemento 2 pontos:
a destruição da Petrobrás com a política de preços de combustíveis subsidiados acarretou também o desmantelamento do setor de etanol, com a quebra de dezenas de usinas;
os swaps cambiais, que ultrapassaram US$ 100 bilhões, provocaram a sobrevalorização do real, destruindo a indústria brasileira no período.
Muito adjetivo e pouco conteúdo. Estava procurando uma crítica inteligente mas o pessoal anda se fixando demais nas pautas políticas de redação de jornal e pouco nos fatos e em análises racionais dos acontecimentos. Uma pena.
Análise falsa, mentirosa e, por que não dizer, extremamente canalha, como canalha é o bosto-autor da bosto-matéria.
Caro Wagner
Seu comentário foi publicado para que os demais leitores percebam o nível da sua educação.
Abraço
Andre Rocha
Perfeito André. Nós percebemos, e conectamos o comentário em relação de causa e efeito com os votos que essa pessoa deve ter dado nos últimos anos. E com as consequências que a história está mostrando a essa cegueira ideológica, que não obstante votará no Brahma em 2018. Estamos reféns dessa cegueira, e não adianta muito criticar mais. O Barbosa é a prova cabal de que esse governo fez essa escolha e por mais que diga que reconhece os problemas e quer consertar, não reconhece e não vai consertar coisa alguma. Recessão de 3% esse ano em cima dos quase 4% do ano passado. E milhaaaaaares de famílias na M mais profunda por causa de cegueira ideológica. E eles vão continuar latindo por aí. Enfim….
Excelente síntese. Só senti falta de um “botão” que permitisse sua divulgação nas redes sociais.
Excelente texto André!
Só um adendo: o povo não reelegeu a presidente Dilma, fomos roubados pelo PT mais uma vez, com a maior fraude eleitoral já praticada na história do mundo. Como tudo que vem do PT tem que ser grandioso e superlativo, eles sempre conseguem se superar em termos de lesar a pátria e o povo brasileiro.
André, num país em crescimento a prioridade dos governos não deve ser o mercado financeiro, é óbvio que ele é importante, mas a produção, principalmente aquela voltada para bens de capital e infraestrutura deve ser a mais visada. Não vejo como prioridade as movimentações de ações, que na sua grande maioria são de atividades especulativas. Dilma errou, errou sim, mas errou porque ela fez o que acredita, que é totalmente o contrário do capitalismo com viés fortemente financeiro.
Hoje não faz falta nenhuma os investimentos externos em bolsa, nossas reservas em conta corrente são enormes, por outro lado, existe um mundo de negócios financeiros baseados nesse cassino das ações. Um país em crescimento não pode privilegiar aquele que vive de investimentos no mercado financeiro, isso tem que ir para um segundo plano. Os investimentos diretos em produção é que precisam de atenção.
O artigo resume a incompetência dos atuais governantes. O país está à deriva……
Prezado André,
Uma única correção no seu artigo. O rombo de caixa da Petrobras devido ao controle de combustível deve ser “dolarizado”, pois a maior parte da dívida da Petrobras está dolarizada. R$ 60 bi era quando a câmbio médio era R$ 2,00 / US$. Assim, a dívida líquida da Petrobras estaria em US$ 30 bi menor este ano (US$ 80 bi é muito “menos pior” que US$ 110 bi – tamanho da dívida eterna do governo militar). Não sou fã do governo do PSDB, mas veja que mesmo com o ciclo de alta das Commodities, o crescimento médio da era PT já é menor que o do PSDB.
Abraço
Saulo
Caro André Rocha,
Subscrevo in totum os seus comentários que estão absolutamente em linha com tudo o vimos redigindo a respeito do partido seita que desgoverna o país desde 2002. Parabéns sobretudo por valer-se da sua coluna para um comentário incisivo e preciso do atual status quo e igualmente pela pregação à renúncia da eventual e fragilíssima ocupante do palácio governamental. Os desmandos, as mentiras, o cinismo na condução dos fatos e doentia transferência de responsabilidade da facção de Lula e seus asseclas precisa ser extirpada. Os banqueiros e empresários e os capitães da mídia que financiaram essa monstruosidade tem o dever de se redimir e pressionar pela saída do poder e reclusão dessa quadrilha de incompetentes. O país está mais que á deriva. Está prestes a se espatifar no abismo a que foi conduzido. Eaí não haverá bancos “too big to fail” e nem a imprensa escapará das suas vulnerabilidades financeiras. Seremos um ex- país socialista que foi vendido e privatizados pelo regime chinês. A Petrobrás já tem mais de 10% do seu capital em mãos chinesas, a presença dos sinos nas empresas de energia elétrica avança de maneira voraz. A Eletrobrás arrasada pela MP 579/13 e sem caixa ficou de fora do último leilão de linhas de transmissão e elas foram parar nos amarelos e sorrateiros chineses e assim vai por aí a fora. Os governos Lula e Dilma reduziram o valor de mercado das empresas brasileiras em cerca de 78% só nos últimos doze meses. Mas é tema extenso e deveria merecer uma atenção maior da nossa combalida mídia. Esperar renúncia de uma psicopata é esperança vã. Deveria imitar o Getúlio e ainda teria uma multidão de idiotas enganados chorando.
Prezado Andre. Infelizmente voce tem razão em tudo que voce disse. A ignorancia, a má fé ideológica e a ambição cega pelo poder, cada uma por si só já é suficiente para desestabilizar um pais, imaginem juntas por 13 anos. Depois de 2018, teremos que penosamente reconstruir um pais, que ainda será ainda mais penalisado e deteriorado nestes anos que faltam de um governo tão irresponsavel e criminoso para dizer o minimo.