O post de hoje exige uma dose de fantasia do leitor. Imagine que você fosse dono de uma empresa de alta tecnologia e surgisse a oportunidade de contratar Einstein. Você não leu errado. Ele mesmo, Albert Einstein, quem desenvolveu a teoria da relatividade e ganhou o prêmio Nobel de Física de 1921. Mas você é adepto de uma operação enxuta. Ao se reunir com seu contador, é informado que essa aquisição deverá ser contabilizada como custo (supondo que o físico trabalhasse na operação e não na área administrativa, pois, dessa forma, o dispêndio seria classificado como despesa). Em resumo, essa contratação irá impactar negativamente e de imediato o resultado apesar da provável melhora no médio prazo fruto da contribuição do Nobel. Esse exemplo surrealista demonstra como a contabilidade não está preparada para dar conta da Nova Economia do conhecimento.
Em 2011, o Brasil adotou as regras contábeis internacionais do IFRS (International Financial Reporting Standards). Sob esse novo padrão, os ativos e passivos devem ter uma apuração mais fidedigna, tornando os balanços mais realistas. Contudo a contabilização de ativos intangíveis, marca da economia do conhecimento, continua imprecisa.
O livro “Valuation, como precificar ações” de Alexandre Póvoa aborda alguns exemplos desse problema. Suponha que uma empresa farmacêutica (A) gaste bastante com pesquisa e desenvolvimento. Esse dispêndio é lançado no resultado como despesa, reduzindo o seu lucro. Caso sua concorrente (B) “invista” menos em pesquisa, seu resultado tende a ser maior no curto prazo, mas ele será consistente em um horizonte mais longo? Como sabido, dispêndios com pesquisa tendem a dar resultados no médio prazo, embora impactem negativamente o resultado no curto prazo. Por uma análise estática, o investidor preferirá a empresa “b” que deve apresentar um múltiplo P/L (preço por lucro) menor. Contudo, provavelmente, essa escolha não será vitoriosa no médio prazo.
A contabilidade reflete de forma razoável o segmento industrial clássico onde máquinas e equipamentos são contabilizados como ativo e a mão de obra é considerada apenas mais um insumo da produção como minério de ferro, energia elétrica, papel, etc. Mas esse modelo mental serve para explicar empresas do conhecimento como o Google? Os PhDs são custo ou ativos geradores de renda no médio prazo? Essa discussão leva muitas pessoas a advogarem que os maiores retornos sobre o ativo (lucro líquido sobre ativos) ou sobre o patrimônio líquido (lucro líquido sobre patrimônio líquido) das empresas de serviço são derivadas não de um retorno extraordinário desse segmento em comparação com o setor industrial, mas sim da subavaliação dos ativos. O principal capital do setor de serviços, o intelectual, não transita no ativo.
Esse raciocínio vale para as gestoras de recurso. Seus ativos mais preciosos são os computadores e o mobiliário ou as pessoas que a compõem?
O exemplo do Einstein é fantasioso (ele morreu há quase 60 anos), mas mostra que se dependesse do seu contador e da sua obsessão por corte de custos, o brilhante cientista permaneceria desempregado.
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Eu li esse trecho do Póvoa e é bem interessante. O grande desafio dos atuais contadores, mesmo com o advento do IFRS, é verificar a probabilidade das boas ideias e projetos nas empresas darem certo e gerarem valor ao negócio. No exemplo, se colocasse o Einstein numa empresa de moda talvez não desse certo a “capitalização” de seu custo, mas sim numa 3M.
Achei interessante o artigo, entretanto se me permite, temos a necessidade de rever alguns conceitos.
O contador é apenas quem transcreve a operação patrimonial, a decisão de custo, despesa ou desemprego do Einstein , será tomada pela administração da empresa.
Considerando que a contratação do Einstein, acontecesse antes da publicação de qualquer dos seus pensamentos, ele seria sim um custo ou despesa.
Entretanto a flexibilidade da norma contábil aliada a um administrador de visão, permitiriam a revisão do lançamento em momento futuro, a inclusão em nota explicativa e ainda uma reestruturação do próprio negócio visando a sua própria continuidade de maneira diversificada, quando fosse identificado o potencial até então desconhecido.
Desta forma atribuir apenas ao contador o desemprego do Einstein é um pensamento superficial, não rever o registro contábil quando detectado que pode-se utilizá-lo (Einstein) para um modelo de negócio muito maior é negligência da administração.
Desculpe-me Silva Silva, mas a decisão final da contabilização sempre será do Contador, que deverá se cercar de todas as evidências e dados da operação/negócio e tomar a decisão final.
Sr. Fábio, boa noite. Como profissional contábil e professor de Ciências Contábeis, o contador deve seguir as regras, sejam nacionais ou internacionais. As regras nacionais são consignadas pelo CFC, e proincipalmente pelos CPC (Comitê de Pronunciamento Contábeil). Este, segue os IAS e os IFRS. Destarte, um contador não pode, ao seu livre arbítrio, considerar custo como despesa ou vice-versa. Como o autor da matéria postou corretamente, custo refere-se à área produtiva, despesa à área administrativa. Concordo também com o Autor com relação a considerar o “Einstein” como um Ativo Intangível, visto que a médio/longo prazo ele incrementaria “riqueza” na empresa, como faz, por exemplo, uma “marca”, uma “patente” ou um “direito autoral”. Abs. a todos.
É exatamente isto Fábio. O contador é o profissional apto a interpretar as normas aplicáveis ao caso concreto e decidir o tratamento adequado. Na administração de uma empresa, é o contador quem dará a palavra final sobre o assunto, seja ele um profissional interno ou um auditor externo.
Na verdade não acho que esse artigo seja realmente muito bom. Não é a contabilidade que não dispõe de meios para refletir adequadamente a contratação de um Einstein. Essa contratação é que não é muito esclarecida. Einstein será responsável por um projeto, em que área? Será um consultor? Será um empregado como qualquer outro? Ele vai realmente trazer algum lucro à empresa? De que ramo é a empresa? Há risco do projeto não ser bem sucedido? Como são contabilizados os gastos com outros funcionários que também trazem lucro para empresa? A organização será consistente se mudar sua forma de apresentar seus números apenas porque contratou um novo funcionário que pode, em um futuro incerto, agregar valor? Não consegui ver tanta certeza no artigo para definir a contratação de um Einstein como um investimento.
No que diz respeito aos critérios de reconhecimento de um ativo intangível ou de um investimento, um item deve ser reconhecido como tal apenas se for provável que os benefícios econômicos futuros esperados para o mesmo sejam gerados em favor da entidade e quando o custo do ativo possa ser mensurado com segurança. As duas condições devem ser atendidas e o artigo é um pouco vago pelo menos no que diz respeito à primeira. Quem trabalha com empresas sabe que nem sempre a contratação de um guru realmente produz o resultado esperado. Veja o exemplo de inúmeros craques de futebol, que são um sucesso em um time e um fracasso em outro. A contabilidade deveria ativar os gastos de salário desse jogador ou considerá-lo como custo do período? Se, no final das contas, decidirem dispensar o jogador, o balanço da empresa deve sofrer de uma única vez o impacto de todos os salários acumulados nos meses anteriores?
Para o exemplo citado no artigo, qualquer um que conhece contabilidade sabe que ele não tem o menor sentido, mesmo porque o exemplo não tem nenhuma base no conceito de continuidade. Basta avaliar os resultados das duas empresas no tempo para entender que o argumento do autor é inválido.
Bom dia André Rocha,
concordo plenamente com sua observação, sou profissional da área e especialista em IFRS. Talvez pelo mercado não valorizar o “know-how” como ativo é que muitos profissionais se encontram desvalorizados no mercado, porém em se tratando de um intangível como o resultado do conhecimento empregado, é difícil mensurar em valores e dizer que o resultado será efetivo no futuro, o que faz com que todos adotem o princípio da Prudência.
Sds,
Marcelo
Artigo muito interessante. Sou geólogo por formação e trabalho a 36 anos em empresas de petróleo, que são de alta tecnologia, e já fui até (por um curto período de tempo) o Controller, responsável pela contabilidade de uma delas.
Esta questão dos intangíveis sempre me intrigou, mesmo antes do IFRS. O que agrega mais valor a uma empresa, um computador novo que vai estar ultrapasso em 5 anos (ou menos) ou um geólogo PHD, que a cada ano agrega a si, e a empresa, novos conhecimentos e mais experiência, e portanto com o passar do tempo ele é um “ativo” que potencialmente pode trazer cada vez mais valor para a empresa?
O custo total de um dia de sonda de águas profundas custa cerca de um milhão (é isto mesmo US$1 milhão) de dólares por dia. Se a empresa mandar um engenheiro com 5 anos de experiência para um Doutorado em uma das melhores escolas de engenharia de perfuração no mundo, vai custar uns US$ 500 mil. Se na volta, fruto do conhecimento adquirido, ele economizar apenas um (1) dia de sonda, a rentabilidade deste investimento será de 100% (e apenas 1 dia sonda!).
Conhecimento é investimento, e pessoas que sabem fazer as coisas (não precisa ser PHD) são os ativos mais valiosos da empresas.
Continue a abordar e detalhar este tema do IFRS. Isto é uma revolução silenciosa na governança e economia que poucas pessoas fora da área contábil se deram conta que está acontecendo.
Adauto Pereira
Lamentável o desconhecimento do post sobre as questões contábeis.
Por favor, é preciso entender mais sobre a essência sobre a forma que é a premissa do IFRS.
Fabio,
O texto é apenas uma provocação, não uma aula de contabilidade. Serve para questionar, instigar e acredito que, pelo número de comentários, atingiu o seu propósito.
Boa parte do que aprendi sobre contabilidade foi em uma empresa de auditoria: Price Waterhouse.
Abraço, André Rocha
André,
Fiquei aqui pensando se colocaste que trabalhastes na Price Waterhouse como vantagem! Uma empresa que desde 2012 audita externamente as demonstrações da Petrobras e sempre aprovando e como resultado temos o que temos, demonstrações a sendo refeitas.
Entendo que além de Direito e Economia poderias ter feito Ciências Contábeis para escrever com um pouco mais de propriedade sobre os assuntos contábeis. Pelos vários comentários não positivos sobre o que escrevestes, fica a dica.
Abraços,
Cristiane
Cristiane,
O curso dado pela empresa na minha época aos trainees era muito bom. Falei bem do curso que foi ministrado aos funcionários.
Quanto às opiniões, elas foram majoritariamente positivas. Talvez, alguns tenham se melindrado por considerarem que ataquei a profissão de contador. Não foi minha intenção. Respeito profundamente a carreira. Apenas tentei mostrar que, como disse um leitor, as ciências contábeis apresentam limitações.
Abraço, André
Realmente, Fabio.
Prezado Andre,
Interessante a sua observação, mas discordo da mesma. Em que pese o brilhantismo de Einstein, o que ele pregou era pesquisa básica, não aplicada. Da mesma forma, creio que o IFRS tem a abordagem correta.
O IFRS diz que “durante a fase de pesquisa não se pode demonstrar claramente que o ativo intangível poderá gerar benefícios econômicos futuros, mesmo que seu custo possa ser mensurado confiavelmente, logo os gastos incorridos durante esta fase são reconhecidos imediatamente como despesas” .
Posteriormente, na fase de desenvolvimento “EM ALGUNS CASOS, pode-se demonstrar que o ativo intangível irá gerar benefícios econômicos futuros, Assim, quando tal demonstração for possível, os gastos poderão ser capitalizados”.
Um detalhe não abordado: o IFRS foi elaborado já na era do conhecimento, ao contrário de US GAAP e congêneres.
Pessoalmente, acho a abordagem do IFRS bastante sensata. Lembrando a frase inicial: Einstein fez pesquisa básica, não aplicada, só gerou “despesa” na ocasião.
Abs
Sergio
O IFRS é um avanço sobre os antigos padrões, mas acredito que ainda não consegue captar de forma eficiente a nova economia.
Quanto ao fato de Einstein ter feito pesquisa básica, você está correto, mas procure entender que o texto foi apenas uma provocação. A ideia era mostrar que mesmo um gênio poderia ser visto como custo.
Abraço, André Rocha
Este é um ponto interessante. Normalmente, as empresas fazem principalmente pesquisa aplicada. A pesquisa básica é realizada nas universidades. Como o Brasil é um “país de commodities”, a nossa pesquisa se resume ao setor público e à pesquisa básica, majoritariamente.
As 3 empresas que mais investiram em P&D, foram, de longe, Petrobras e Vale e bem atrás Embraer.
Resumo triste da emenda: P&D no Brasil é, principalmente, DESPESA (se houver algum resultado, salvo honrosas e mínimas exceções – EMBRAPA, Embraer, Petrobras, é para daqui uns 30 anos….).
Abraço.
Excelente colocação.
Se me permite, irei inclusive replicar essa ideia em minhas aulas de contabilidade para meus alunos universitários.
Eles precisam dessa visão.
Obrigado pela contribuição!
Obrigado Leandro.
Sem problemas!
André, a adoção do IFRS no Brasil começou em 2007 com a Lei 11.638, e não em 2011.
Desde então o padrão contábil brasileiro aproxima-se cada vez mais do internacional, através dos inúmeros CPCs emitidos.
Obviamente, há adaptações à realidade local, mormente no tocante ao fiscal, que ensejou a criação do RTT, seguido pela Lei 12.973 de 2014, mas a essência da obediência contábil ao IFRS é mantida.
O exemplo das indústrias farmacêuticas também não é 100% exato.
De fato, gastos com pesquisas devem ser reconhecidos como despesa, e a razão disto é simples: é muito difícil garantir, nesta etapa do ciclo de negócios, que os valores desembolsados vão constituir ativo da empresa. De fato, muito é gasto pesquisa sem que haja retorno financeiro garantido.
Isto não desmerece o gasto em pesquisa, pelo contrário. Só que deve-se reconhecer que, por conservadorismo, considerar gastos tão incertos como um ativo da empresa não é adequado.
De mais, as despesas são dedutíveis, gerando economia tributária, e podem ser claramente destacadas nas notas explicativas.
O cenário muda quando estamos falando de desenvolvimento, a etapa seguinte à pesquisa pura: se estiver claro que o novo produto é viável do ponto de vista técnico, que há mercado para ele e que consegue-se mensurar os custos envolvidos, pode-se proceder a capitalização. Perceba que há bastante espaço para exercício do julgamento, já que estimativa de mercado é algo que pode ser bem subjetivo.
Tendo feito estas considerações, é fato que a contabilidade ainda tem muito a evoluir pra capturar corretamente a essência do valor no segmento de serviços. Encontrar um manual de contabilidade que não tenha como exemplo a “Fábrica XPTO” é um desafio.
Tecnicamente a Lei 11.638/07 só passou a ter efeito no ano subsequente, ou seja, a partir de 2008, pois foi editada no dia 28/12/2007.
Só para complementar, os anos de 2008 e 2009 podem ser considerados de adoção parcial, apenas 14 pronunciamentos em vigor e as empresas se adaptando para atender a esses novos requerimentos. A partir de 2010, com a entrada em vigor de diversos pronunciamentos e uma maior maturidade das companhias, acredito que podemos falar de uma adoção mais efetiva, mas que ainda carece de muitos avanços.
Sds
Por isso coloquei 2011, Rodrigo.
Abraço, André Rocha
Oi Andre,
Excelente artigo. Muito oportuno
Para muitas empresas hoje em dia a inovação é crucial para a sobrevivência e sustentabilidade do negócio. Para tal, alocar recursos em pesquisas e desenvolvimento faz parte da estratégia. Muitos grupos adotam o critério de “fenced budget”para os projetos de inovação prioritários, evitando cortes nos projetos devido às dificuldades de curto prazo nas empresas.
Abraço,
Paulo
Se me permite, acredito que seu texto esteja um pouco sem embasamento. O IFRS permitiu uma abordagem mais realista/prudente dos fatos, conforme mencionado pelo colega Sergio Kostin, em seu comentário. Levando em consideração seu exemplo de uma farmacêutica, eu na posição de investidor, não olharia apenas um balanço patrimonial e uma demonstração de resultado para tomar minha decisão de investir ou não naquela empresa. Se uma empresa for inteligente o suficiente, irá publicar nas suas notas explicativas, de maneira destacada, seus gastos com pesquisa e desenvolvimento e incluir seus comentários sobre. Após o investidor ler toda a demonstração financeira, ficaria fácil ele fazer uma análise com base em que empresa poderia gerar um benefício econômico futuro melhor. Se quisermos adentrar no aspecto técnico e não fundamentalista, utilizaria as informações das notas explicativas para “deduzir” esses gastos com pesquisas para chegar no P/L “ajustado”, caso queira.
saudações,
Daniel Buarque
Daniel,
Sua colocação é perfeita, mas nem todos os investidores são tão diligentes.
Abraço, André Rocha
Não, o Einstein não ficaria desempregado como diz o artigo, ele seria contratado por uma empresa mais inteligente.
Acho que o autor deveria entender mais de contabilidade antes de escrever sobre certos assunto. Todos os pontos levantados existem por algum motivo e não por falha da contabilidade.
Marcelo
O texto é apenas uma provocação, mas para mim as regras contábeis não conseguem refletir de forma eficiente empresas de serviços.
Abraço, André Rocha
Faz um curso de férias sobre contabilidade, o sr está falhando em vários conceitos básicos, como ativo, investimento, despesa e custo.
Inclusive considerando que uma despesa não gera retorno nenhum pra empresa.
Enfim, vou evitar a fadiga.
Caro Marcelo
Trabalhei na Price Waterhouse como auditor onde fiz o melhor curso de contabilidade possível. Logo dispenso sua sugestão.
O texto é uma provocação e não uma aula de contabilidade. Se você tivesse lido dessa forma, teria tido uma posttura menos ácida e, talvez, tivesse captado a mensagem.
Abraço, André Rocha
Oi André.
“O post de hoje exige uma dose de fantasia do leitor.” Creio que essa frase não foi clara o suficiente para que algumas pessoas interpretassem seu texto inteiro da forma que você esperava. Agradeço pelo seu texto “provocativo”. Apesar de poucos, gerou bons comentários. O Adauto Pereira (que não é contador) “captou” bem seu ponto de vista. Grande abraço.
André Luiz.
A ideia foi essa, André. Por isso coloquei essa frase logo no início. Mas como o leitor interpretará o post depende de diversos fatores.
Concordo com Marcelo,independente se você fez ate Harvard,você está transmitindo uma ideia errada a pessoas que muitas vezes nunca saberão disso.
Vinicius, respeito sua opinião. Mas não me parece que tenha transmitido conceitos errados. Expliquei até mesmo como os salários do Sr. Einsten deveriam ser contabilizados. Mostrei apenas que alguns pontos merecem uma maior discussão.
André,
No inicio do texto o Sr cita despesa, com se fosse algo que a empresa não recupere, quando o intuito de despesa seria justamente gerar receita, a despesa com salários só existe para gerar a receita operacional, e está seria investimento se houvesse geração de um ativo. Como no caso de pesquisa e desenvolvimento, a partir que a comercialização de um fruto de pesquisa é comprovado, podemos sim ativa-lo, dentro dos intangíveis.
Se o dispêndio de recursos não estiver atrelado a um beneficio futuro, será só e somente só uma perda.
Os salários só seriam considerados investimentos, ou os funcionários, ativo, se fosse possível o controle. E já que o senhor cursou o melhor curso de contabilidade possível, e foi auditor, sabe que para ser considerado um ativo, necessariamente precisa de controle, e os empregados não são seus escravos.
O único local em que um colaborador é ativado, é nos clubes de futebol, graças a lei do passe, e direitos federativos, onde o clube tem necessariamente o controle de seu funcionário.
A provocação com a “contabilidade” existe justamente por não entendê-la a fundo, o problema não é da contabilidade, é da operação em si.
Marcelo,
Minha intenção não foi ofender contadores, até porque iniciei minha carreira em uma empresa de auditoria. Além disso, o espaço não permite um tratado sobre contabilidade.
Serviu apenas para mostrar que existe uma limitação, como disse outro leitor, para depurar os intangiveis. Outro ponto: a rentabilidade do setor de serviços é muito superior a do segmento industrial. Será que isso decorre apenas de uma rentabilidade extra ou de uma subavaliação dos ativos e, por consequencia, do patrimônio? Pela teoria econômica, rentabilidades extras não poderiam perdurar e têm sido consistentes. E aí, quem errou a contabilidade ou a economia?
Tenho consciencia da dificuldade de “ativar” o capital intelectual e você colocou na réplica pontos relevantes. Não estou com isso pregando uma mudança contábil, mas, quem sabe, a adoção de uma contabilidade gerencial que leve em conta esses aspectos.
Abraço, André Rocha
Bem interessante e legal o artigo André. Acredito que a contabilidade aqui no Brasil evoluiu bem na convergência/transição para o IFRS. Vivemos, ainda, da objetividade e do conservadorismo (prudência) e acredito que avançou em relação ao que tínhamos antes, que permitia ativar algumas coisas com o ativo diferido com amortização em 10 anos, o que na realidade estava mais para despesa. Hoje tem o intangível, não tem como mensurar o ágio gerado internamente, talvez um dia! Com certeza contratar um Einstein é algo incrível. Nesta onda de pensamento de capital intelectual, o Sveiby na Suécia foi tentado a querer medir capital humano e intelectual de certas empresas. Pensaram assim, os clientes melhoram a organização e certos funcionários ou donos também… trazem bom retornos de ativos…muitos entendem que é importante a demonstração do capital intelectual nos relatórios contábeis, mas é algo subjetivo e difícil de mensurar, visualizar. Acho que é melhor deixar do jeito que está, e no máximo usa alguma medida de valuation. Por isso lançar como despesa, é nessa que vamos…deram os contadores um excelente passo sem dose homeopática, com normas como intangível, impairment e combinação de negócios. Ficamos com o básico para o ativo, aquilo que vai gerar benefícios econômico futuros com segurança e firmeza, afinal a contabilidade não é exatas, e sim rica em humanas de seu subjetivismo responsável. Só duas contas podem ter exatidão, o caixa, e um dia o capital que se corrói com o tempo.
Abraços,
Jason
se o gasto foi só pesquisa a norma que trata de intangível é bem objetiva e clara, lança como despesa. Se o trabalho todo do Einstein foi apenas pesquisa sem passar para a fase de desenvolvimento é isso aí pelo critério do conservadorismo.
Excelente texto, muito provocativo quanto a evolução da ciência contábil, ou sua falta de evolução!! Entendo ainda como uma provocação aos profissionais contábeis, para que além de classificarem os fatos passem a interpreta-los de forma mais clara em suas notas explicativas. Talvez a contabilidade precise ainda de uma lapidação, porém a cada dia valorizo mais os bons analistas de informações!!
Nobre André,
Parabéns.
Trazer questões a luz do nosso dia a dia de trabalho faz com que seu site seja cada vez mais visitado. Felizmente (ou infelizmente) pelo que percebi você é seguido por filhos de Paciolli, que não compreenderam teu objetivo. Aproveitando a deixa, não sei se é o caso, mas lembro de um artigo a pouco que você falava — Falta um Abílio Diniz na Petrobras.
Parabéns meu amigo, sucesso!
Prezado André,
Achei interessante o seu artigo e gostaria salientar que o contexto me pareceu relacionado à evolução da contabilidade como ciência e quanto à legislação, não ao profissional da contabilidade.
Adicionalmente os fluxos de caixa projetados para os prórximos 5 anos das atividades de investimento, financiamento e operacional podem auxiliar numa análise adicional.
André,
Parabéns pelo artigo provocador. Assim como colocado pelo Leandro Martins, gostaria de utilizá-lo em sala para promoção de debates. Ok? Ademais, afora as questões técnicas suscitadas nos posts acima, seu texto, no mínimo, faz-nos pensar sobre as limitações da Ciência Contábil. Mensurar intangíveis de forma confiável ainda é um desafio, sendo um outro exemplo a polêmica contabilização do valor das marcas, debatida inclusive na academia.
Abs
Obrigado Rodrigo. A ideia era exatamente essa: mostrar que há problemas na quantificação dos intangíveis e sua classificação e não fazer um tratado sobre a contabilidade até pelo reduzido espaço.
Abraço, André Rocha
Belíssimo artigo.
Não sou da área contábil, mas ao meu ver, isso reforça ainda mais a necessidade de transparência em operações empresas.
Sem dúvida investimentos em P&D afetam o resultado das empresas, pois as mesmas estão tendo “desembolso de dinheiro”, e devem ser alocados devidamente, entretanto, uma gestão de transparência e que haja participação, sem dúvida vai reforçar a importância de manter os investimentos para retorno em médio-longo prazo.
Independente da “classificação contábil”, sem dúvida nenhuma eu o contrataria!!!
Um abraço a todos e parabéns pelo excelente artigo.
Cristiano.
Boa Tarde André,
A contabilidade que você está falando é a Financeira. Estas tem o intuito de apresentar a saúde financeira passada e pontual da empresa para credores e acionistas e estimar tributos. Na financeira, as despesas e custos reduzem a base de cálculo de IRPJ e CSLL ao contrário do investimento onde ele é amortizado ao longo de anos. Isso é positivo para a empresa. Ela também é a base para fazer um Valuation de uma empresa, mas não é tudo. Da mesma maneira que as notas de um aluno não diz tudo sobre ele.
A Contabilidade Gerencial permite com que você possa entender os impactos de ações na empresa, uma vez que ela não é publicada e pode ser ajustada de acordo com as especificidades do negócio. Ela serve para a alta gerencia ter dados para a tomada de decisão. Nela você pode lançar gastos como investimentos e analisar o retorno. Um exemplo dado foi a investimento em aprimoramento (Phd) para operação de sonda de petróleo.
O Exemplo da farmacêutica é ótimo, mas para mostrar que se uma empresa tem resultados similares a outra empresa que tem altos investimentos de P&D, significa que os retornos não compensam os gastos em P&D.
Por último, a contabilidade olha o passado e o Valuation de uma empresa ou de um projeto olha o futuro, logo a contabilidade Fiscal e Gerencial são meras ferramentas para ajudar a desenhar o futuro, mas o passado não explica o futuro.
Abraço,
Ótimo artigo!
Um Abraço.
Olá André!
Primeiramente gostaria de parabenizá-lo pelo blog e seus artigos.
Olhando o texto como um todo (a parte análises críticas sobre fundamentos e leis contabilistas), vejo que a questão de “aquisições” de pessoas qualificadas, para certas vagas estratégicas, ainda não gera uma valorização da empresa pela qual esta pessoa foi contratada.
Fazendo um link com sua publicação sobre Abílio Diniz, vejo esta valorização ou desvalorização muito mais dinâmica e imediata, com várias reações e comentários no mercado, na troca ou aquisição de CEO’s. Claro que estes desempenham um papel importantíssimo nas empresas, mas a equipe, principalmente de P&D, deve ser vista sim como investimento e necessária a qualquer empresa que busca destaque e inovação em um mercado cada vez mais agressivo.
Abraço.
O ponto que está em discussão, na verdade, é a relevância e a objetividade em contabilidade. Se fôssemos contabilizar o” Einstem” como Ativo, estariamos privilegiando a relevância ( um recurso que, de fato, proporcionará benefícios econômicos futuros) e quando o contabilizamos como despesa/custo estamos focando a objetividade. Ocorre que a relevância é carregada de subjetivismo, ou seja, o que pode ser valioso para “A” não poder ser para “B” e vice versa. Por outro lado, ao darmos preferência para a objetividade, deixamos de atribuir ao item o seu real valor, de acordo com os operadores do mercado.
A contabilidade, numa perspectiva, é um modelo informacional que permite aos seus usuários tomarem decisões. E é óbvio que os agentes de mercado devem se valer de outras informações para subsidiar suas ações /deciões além daquelas ofertadas pela contabilidade. A contabilidade é, digamos, uma simplificação da riqueza de uma entidade e não contempla a riqueza dos agentes como um todo. Ocorre que essa ciência, como todo saber humano, é limitada e ancorada em objetividade. Se, de fato, a contabilidade registrasse o KNOW-HOW das pessoas como um ativo, suas informações seriam mais relevantes, mas sem objetividade já que é, nessa circunstância, carregada de subjetivismo.
Essa “fábula” nos ensina, mais uma vez, que tomar decisões é uma arte. Considerar números e indicadores é importante, mas se valer cegamente deles é perigoso. Por isso CEOs de sucesso são aqueles que muitos vezes contrariam os especialistas, gerando muito mais riqueza aos acionistas e, principalmente, surpreendendo os clientes positivamente.
Meu caro,
Empresa de alta tecnologia adepta de uma operação enxuta…
Este paradoxo é pior do que aqueles vistos nos filmes De Volta Para o Futuro.
Pessoas contabilizadas no ativo? Pode ser, mas não se esqueça de incluir a depreciação e/ou ajustes de avaliação em caso de aumento da qualificação e produtividade.
Sonhador.
Assim como diversos outros pseudo-comentaristas.
A maior parte das gestoras de recursos, meu caro, são adeptas de uma operação enxuta. O capital intelectual é visto como custo, apesar do capex ser baixo.
Obrigado pela sua contribuição. Você ter despendido seu tempo com um pseudo-comentariasta é no mínimo incoerente.
Estrategista,
Você é o sonhador. Possivelmente um dos mais brilhantes colunistas de Economia do Valor Online.
Os pseudo-comentaristas são aqueles que postam comentários e nem sabem sobre o que estão comentando. Eles também são sonhadores, mas não possuem brilho. Isso vale, inclusive para o meu xará, que deve entender muito de contabilidade e pouco de gestão…
Enfim, parece que seu objetivo foi atingido. Conseguiu provocar reações, ainda que nem sempre favoráveis em seus leitores.
Marcelo,
A minha ideia era essa: gerar reflexões. Até porque o espaço não permite um estudo acadêmico. Aliás sinto um descompasso entre academia e mercado.
Abraço
Esse tema é interessante, possuo participação acionária em 3 empresas de base tecnológica que tem faturamentos diferentes e todas investem bastante em desenvolvimento de tecnologias. Essas normalmente produzem patentes. Nossa solução para a questão foi contabilizar o investimento no desenvolvimento em uma conta contábil separada. Esses gastos são utilizados para formação de patrimônio, entra no balanço como se estivéssemos comprando um imóvel, é um ativo, e tem o valor contábil associado ao investimento. Essa ativo é revertido para prejuízo se a tecnologia não gera lucro, caso contrário ela serve para compor o valor da tecnologia… em outras palavras, há um caminho na contabilidade para expor isso com clareza nos balanços e isso normalmente ajuda tanto ao investidor na tomada de decisão quanto a empresa, por exemplo quando a empresa vai buscar apoio no BNDES e em outras instituições de fomente isso está claro e é mais fácil discutir e negociar. Legal você ter levantado essa questão!
Andre, mais um texto muito bom.
Os debates surgidos nos comentários apenas reforçam uma ideia muito interessante contida em um livro do Damodaram (mitos de investimentos). Não lembro as palavras exatas, mas era algo como:
“O valor patrimonial não é um fato, mas sim a opinião de um contador sobre um fato.”
Abraço
Obrigado.
O texto tem um ponto positivo pela provocação e instigação do raciocínio, mas peca na confusão de conceitos. Em primeiro lugar, para que Einstein fosse considerado um ativo intangível deveria representar um desembolso pela sua contratação que justificasse uma expectativa de benefícios econômicos futuros com razoável confiabilidade. Já seus pagamentos pelo trabalho (salários) seriam tratados como os dos demais trabalhadores (custo ou despesa). Ainda, como já destacado por outros colegas contadores, precisa-se identificar o que é pesquisa básica ou aplicada e desenvolvimento, pois o tratamento de cada um é bem definido nos IFRS. Portanto, a questão não é tão simples como o texto tenta apresentar.