Os maiores “dividend yields” de 2014

Embora mereça algumas ponderações, o retorno com dividendos (o “dividend yield”) é uma importante ferramenta para se avaliar a atratividade de uma ação. Conheça as ações que devem apresentar a maior rentabilidade com dividendos em 2014.

Quando um investidor vai escolher uma ação, ele não pode se ater apenas ao retorno com dividendos. Muitas vezes uma empresa paga uma parcela elevada dos lucros como dividendos em detrimento de investimentos produtivos. Com isso, a companhia está prejudicando o lucro e, por consequência, os dividendos futuros. Há estudos que mostram que as ações de empresas com elevados “pay out ratios” (dividendos divididos pelo lucro), mesmo apresentando “dividend yields” atrativos, não são aquelas que apresentam maior rentabilidade.

Além disso, o investidor nunca deve se esquecer de que o retorno com ações é constituído de duas parcelas: o “dividend yield” (DY) e o ganho ou perda de capital (preço da venda da ação menos o preço da compra).

Feitas essas ressalvas, quais são as ações que apresentam os maiores retornos com dividendos em 2014 com base nas estimativas dos analistas de mercado? Os dados dos dividendos por ação e as cotações de 6 de maio são do sistema de análise fundamentalista S&P Capital IQ. Fiz o cálculo apenas para as ações que compõem o IBrX.

Faça chuva ou faça sol (desculpe o trocadilho), as ações de empresas do setor elétrico são sempre destaque quando se fala em dividendos. Elas aparecem oito vezes entre as dez primeiras com maior retorno. É verdade que em decorrência principalmente da possibilidade de racionamento, as estimativas dos analistas indicam queda em relação ao ano anterior nos dividendos por ação esperados para 2014 de algumas empresas. Falo de Taesa (queda de 10%), Eletrobras (-46%), Light (-35%) e Tractebel (-11%).  Contudo como os preços dessas ações também cederam, os “dividend yields” esperados são atrativos.

Além das elétricas, aparecem surpresas como Bradespar com “dividend yield” esperado de 11,6%. Com o resultado fraco da Vale em 2013, Bradespar apresentou prejuízo, mas em decorrência da ativação de lucros a realizar, a companhia pagou dividendos de R$ 1,2378 por ação. Em 2014, os analistas ouvidos pela Capital IQ estimam o dividendo por ação em R$ 2,32.

Outra empresa não usual em listas de dividendos é a seguradora Porto Seguro.

Dois bancos públicos emergem na lista: Banrisul (DY de 6,45%) e Banco do Brasil (DY de 5,90%). Suas ações negociam com grande desconto para os bancos privados em decorrência da menor eficiência. Contudo mesmo considerando esse aspecto, o mercado parece exagerar no desconto, pois o lucro obtido por essas instituições financeiras permitem pagar dividendos que geram retornos bem superiores ao dos dois maiores banco privados – Itaú Unibanco (DY de 3,41%) e Bradesco (DY de 3,39%). Com esses resultados, cabe a pergunta: o mercado tem precificado corretamente os bancos públicos?

O setor de construção civil contumaz consumidor de caixa é representado pela Eztec entre os 20 maiores “dividend yields”. Contudo, com o fim do ciclo construtivo iniciado em 2007 e a queda no ritmo de novos lançamentos devido ao arrefecimento da economia, as empresas do setor devem passar a distribuir dividendos generosos nos anos vindouros.

Natura fecha o elenco. Embora o mercado espere uma redução do dividendo por ação de 4% em relação ao de 2013, o “dividend yield” esperado é de honestos 4,8%.

Segue a lista dos 20 maiores “dividend yields” esperados para 2014:

1 – AES Tietê (GETI4) – 14,2%

2 – Cesp (CESP6) – 12,3%

3 – Bradespar (BRAP4) – 11,6%

4 – Taesa (TAEE11) – 10,5%

5 – Cemig (CMIG4) – 9,4%

6 – Eletrobras (ELET6) – 8,0%

7 – Light (LIGT3) – 7,96%

8 – Energias do Brasil (ENBR3) – 7,7%

9 – Porto Seguro (PSSA3) – 7,3%

10 – Copel (CPLE6) – 6,72%

11 – Oi (OIBR4) – 6,71%

12 – Telefonica Brasil (VIVT4) – 6,49%

13 – Banrisul (BRSR6) – 6,45%

14 – Multiplus (MPLU3) – 6,43%

15 – CPFL (CPFE3) – 6,0%

16 – Banco do Brasil (BBAS3) – 5,90%

17 – Tractebel (TBLE3) – 5,85%

18 – Souza Cruz (CRUZ3) – 5,4%

19 – Eztec (EZTC3) – 5,3%

20 – Natura (NATU3) – 4,8%

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13 Comentários

  1. Olá, André

    Ótimo artigo, assim como os demais já publicados por você. Suas análises ajudam muito nas minhas decisões de investimento.
    Mas se pudesse dar uma sugestão, seria: “Os maiores “dividend yields” de 2014 – parte 2”.
    Nele você poderia elencar os 20 mais na bolsa brasileira… com alguns apontamentos.

    Abraços!

    1. Luis, obrigado.

      Sua ideia é boa, mas o post tenderia a perder qualidade. Utilizo as projeções do sistema S&P Capital IQ e existem poucas estimativas para empresas de menor porte. Logo a estimativa poderia estar viesada. Por isso, utilizo o indice IBrX que possui 100 cias na composição.

      Abraço

      André Rocha

  2. Andre

    O grande desconto dos bancos publicos em relacao aos bancos privados poderia estar associado ao risco de ingerencia governamental que afete negativamente o fluxo de caixa dos bancos publicos? Ha evidencia histórica de que esse risco exista?

    1. Rodrigo,

      Sua pergunta é pertinente. O próximo post será sobre esse assunto. Não só sobre bancos públicos, mas sobre estatais em geral.

      Abraço

      André Rocha

    1. Alfredo

      As cias não divulgam antecipadamente quando as ações ficarão “ex”.

      Mas não aconselho você operar apenas com base em datas ex. Há estudos que mostram que o ganho, se houver, é imaterial.

      Abraço,

      André Rocha

  3. Olá André,
    Uma ressalva a mais, no caso das elétricas, seria a desdobramento da MP 627/2013, publicada no dia 11 de novembro de 2013, que inclui, entre outros assuntos, tratamento especifico sobre tributação de lucros e dividendos e sobre o cálculo de juros sobre capital próprio. Embora as disposições previstas na MP tenham vigência a partir de 2015, a adoção antecipada para 2014 pode eliminar potencial efeito
    tributário relacionado com esses pagamentos, levando a um novo ajuste de preços.

  4. No caso da Eletrobras (ELET6), considerando o valor de fechamento na data-ex (30/04), R$ 10,92, o DY não seria de 15,58%, já que o valor a ser pago em JCP é de R$ 1,70155 por ação preferencial?

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