O que a companhia de energia elétrica Coelce (COCE5), a fabricante de não tecidos Providência (PRVI3), a de medicina diagnóstica Dasa (DASA3) e a de varejo eletrônico B2W (BTOW3) têm em comum? Enquanto o pessimismo domina o mercado, nessas empresas, o acionista controlador ou um investidor relevante está adquirindo mais ações por considerar seus preços atrativos. Por que existem visões tão distintas sobre o valor desses ativos?
Vejamos algumas hipóteses. Primeiro, a bolsa brasileira é uma das mais líquidas entre os mercados emergentes. Logo, em um momento de incertezas macroeconômicas derivadas da normalização da política monetária americana, o mercado acionário brasileiro é um dos primeiros a sofrer com a fuga dos investidores. Além disso, a composição do Ibovespa concentrada em empresas cíclicas – companhias com forte correlação com a atividade econômica – amplifica o movimento. Alguns analistas tentam explicar o mau desempenho do Ibovespa atendo-se a questões econômicas como a frágil situação fiscal brasileira, a inflação persistente, a ingerência do governo na economia, a elevada dívida bruta e a balança de conta corrente negativa. Mas outros países têm situação igual ou pior do que a nossa, logo esses pontos explicam apenas parte do problema. A segunda razão é a visão curto prazista de boa parte dos investidores. A verdadeira razão para o mau desempenho do Ibovespa (sempre lembro que o Ibovespa não é a bolsa brasileira) está no fluxo e em problemas específicos de algumas empresas como a Petrobras.
Enquanto os preços das ações desabam, investidores relevantes e controladores comemoram. Por pensarem seus investimentos em um horizonte de mais longo prazo, a queda do preço das ações torna-as ainda mais atrativas. Logo, não é de se espantar que os controladores e investidores estejam fazendo ofertas voluntárias para aumentar sua participação como é o caso da Coelce e da DASA. Na empresa cearense, a controladora chilena Enersis se prontificou a adquirir a totalidade das ações em circulação no mercado pagando R$ 49 por ação, prêmio de 20,1% sobre o preço médio ponderado de fechamento das ações preferenciais classe A dos 30 pregões anteriores a 13 de janeiro de 2014. Na DASA, um acionista relevante da empresa, Edson Bueno, antigo dono da empresa de planos de saúde Amil, pretendia inicialmente assumir o controle da empresa adquirindo até 26,14% do total de ações oferecendo R$ 15, prêmio de 12,4% em relação à cotação do dia 20 de dezembro, último pregão antes do anúncio da oferta.
A americana Polymer Group (PGI) comprou 71,25% do total de ações da Providência, assumindo seu controle. Pela operação, a empresa americana pagou R$ 9,75 por ação, 37,9% superior ao preço negociado no pregão imediatamente anterior ao anúncio.
Por fim, como já discutido em post anterior, as Lojas Americanas em conjunto com o Fundo Tiger Global irá capitalizar a B2W em R$ 2,4 bilhões a um preço por ação de R$ 25, 61% superior à cotação de mercado vigente antes do anúncio.
Essas operações indicam que o pessimismo do mercado não contaminou alguns controladores e investidores. Esses parecem separar a visão de curto da de longo prazo, além de entender a diferença entre fluxo financeiro e fundamentos.
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Confesso que ficar comprado em ações de empresas pertencentes ou não ao índice, e ver um gigante custo de oportunidade (LCIs/LCAs a 95% – 98% do CDI Líquido) passar na nossa frente é muito tentador. Ainda mais com a inflação a 12%, 15% a.a corroendo nossos bolsos. (IPCA é para inglês ver, e nem eles acreditam nesse índice). É um dilema, pois ganho real acaba sendo negativo também, mas pelo menos se preserva parte do capital.
é uma pena que estou sem grana para investir na bolsa no presente momento. Penso que a baixa do ibovespa e a fulga dos investidores, propicia oportunidades relevantes para adquirirmos ações com fundamentos bons a baixíssimo preço.