Com o pessimismo prevalecendo no mercado acionário, os especialistas sugerem algumas alternativas para se ganhar dinheiro apostando contra a bolsa como, por exemplo, o aluguel de ações, ficar vendido em mercado futuro, lançar opções de venda ou montar estratégias “long/short”. Mas essas operações fazem parte da análise fundamentalista?
O objetivo principal do mercado acionário é servir como alternativa de financiamento às companhias. Com ofertas primárias de ações, quando novos papéis são emitidos e vendidos aos investidores, o caixa das companhias é reforçado podendo ser utilizado em novas plantas, em novas tecnologias, na aquisição de empresas, na redução do endividamento ou na melhora do capital de giro. Com base nessa definição do mercado acionário, um analista mais ortodoxo diria que operar vendido não faz parte da análise fundamentalista.
Mas sou menos radical. O analista fundamentalista avalia a companhia em seus vários aspectos: seu balanço patrimonial, suas vantagens competitivas, a concorrência, os clientes, seus forncedores. Após utilizar algumas métricas como o fluxo de caixa descontado ou a análise por múltiplos, o analista descobre se o preço corrente da ação está descontado ou não em relação a seu valor justo. Se sim, a ação torna-se uma boa opção de investimento. Mas e se a resposta for negativa? Nesse caso, o analista tem duas opções: esquecer a ação e passar a analisar outra companhia ou utilizar instrumentos que apostem na queda da ação. Como a decisão de não investir na ação partiu de instrumentos de análise fundamentalista, operar “vendido” faz , sim, parte da análise fundamentalista.
Na edição de 28 de janeiro de 2014, a reportagem “Ganhos contra a maré” do Valor Econômico explicou as formas de operar contra a bolsa por intermédio do aluguel de ações, opções de venda (put), mercado futuro e operação “long short”. Vale a leitura.
Já tratamos de algumas dessas operações em posts anteriores como “As estratégias em bolsa pela ótica do empréstimo de ações”, de 22/08/2011 e “A estratégia ´long/short`, algumas recomendações”, de 01/08/2011.
Operações vendidas podem trazer mais riscos do que operações compradas. Ao se comprar R$ 10 mil de uma ação, por exemplo, a perda máxima é de R$ 10 mil caso a ação vire pó. Contudo, quando se opera vendido e não se estipula uma perda máxima, o prejuízo pode ser infinito, pois a ação pode não parar de subir.
Mas, tendo-se consciência dos riscos, esses instrumentos podem gerar ganhos extras aos acionistas ou servir como proteção da carteira em épocas de mercado em baixa.
Tudo depende da estratégia. O desespero da massa quando o mercado está pessimista pode gerar ganhos impressionantes, especialmente no curto prazo. Mas, como sempre digo: tem que saber fazer. Tem que cuidar da operação e estabelecer limites para a perda, pois geralmente o mercado no longo prazo é altista.
Alcançou seu objetivo? Pula fora!