Segundo o conceituado gestor Benjamin Graham, uma “growth stock” é definida como a ação de uma empresa que teve crescimento do lucro acima da média no passado e da qual se espera o mesmo no futuro. Logo é normal que os investidores queiram incorporá-las a sua carteira de ações. Contudo, a seleção desses ativos não é fácil.
O refrão “Como será o amanhã / responda quem puder” do samba enredo da União da Ilha que ficou famoso na voz da cantora Simone mostra como o descobrimento do futuro fascina o homem. Para o investidor em ações, o dom de conhecer o porvir seria uma dádiva lucrativa, especialmente para quem aposta em “growth stocks”.
Essas ações, por serem conhecidas, são muito demandadas e passam a negociar a múltiplos, por exemplo, o P/L (preço por lucro), altos na expectativa de que o crescimento dos resultados futuros fará o múltiplo desinflar ao longo do tempo. O risco é de que a visão do futuro pode estar equivocada. As condições que permitiram o forte crescimento no passado podem ter se exaurido, comprometendo as operações da companhia. Além disso, quanto maior a empresa, mais difícil fica repetir o desempenho.
Benjamin Graham, no livro O Investidor Inteligente, recomenda ao investidor comprar “growth stocks” que negociem no máximo a um múltiplo de 25 vezes os lucro médios dos últimos sete anos. Essa dica não tem sido seguida por boa parte dos investidores atuais, pois aceitam pagar ações com múltiplos de até 30 vezes o lucro do ano seguinte. Como já dissemos em posts anteriores, a regra hoje em dia não é olhar o desempenho passado, mas tentar adivinhar o resultado futuro. Aliás essa não é a única flexibilização dos gestores atuais. Empresas sem histórico de resultados, mas com potencial de apresentar lucros crescente, já são consideradas “growth stocks”.
A hora de comprar “growth stocks” é durante as crises quando os papéis passam a negociar a indicadores palatáveis. Mas quem tem coragem de comprar ações quando o pânico domina?
É verdade que alguns investidores conseguiram fortunas, colocando dinheiro em companhias que partiram de um resultado modesto e chegaram a lucros exorbitantes ao longo do tempo. Mas descobrir essas ações não é tarefa fácil. Como dizia o filósofo Soren Kierkegaard, citado por Jason Zweig nos comentários ao livro de Graham: “A vida só pode ser compreendida olhando-se para trás; mas só pode ser vivida olhando-se para a frente.” Por isso, replicar esses felizardos não é tarefa fácil.
Podemos visualizar inúmeras empresas que vem reportando lucros surpreendentes, tal como a AMBV, mas minha dúvida é como e quando identificar mudança desta tendencia?
Grande abraço mestre!
Caro Ronan, se o André Rocha me permite, a AMBEV não é um exemplo clássico do que o mercado chama de “growth stocks”, como André bem colocou, como costumeiramente o faz, estas empresas são difíceis de se identificar, requer prática de leitura de balanços e alguns bons anos de experiência de mercado, contrariando um pouco os caçadores de fortuna rápida.
Neste caso, embora o próprio Warren buffett não faça distinção entre ações de valor ou crescimento, melhor seria seguir o conselho de Warren Buffett (WB) de como achá-las quando uma vez interrogado em entrevista:
…WB:”Comece lendo relatórios financeiros”…ao que o repórter respondeu:” mas são mais de 3000 empresas, por onde começar então?”…WB: “comece pela letra A”.
Boa matéria!
Só achei que faltaram alguns exemplos de “companhias que partiram de um resultado modesto e chegaram a lucros exorbitantes ao longo do tempo”.
Sei que o passado não explica o futuro, mas se soubermos quais empresas no passado foram consideradas “growth stocks”, poderíamos ter, pelo menos, uma ideia de qual empresa tem chance de apresentar estas características no futuro.
Grande abraço
Que tal a Hering!