Na quadragésima quinta festa infantil do ano, um pai bradou com orgulho: “Meus filhos são tudo para mim”. A roda de amigos concordou efusivamente balançando as cabeças. Um deles, lambendo os dedos sujos de coxinha, disse: “sem dúvida”. Apenas eu e um colega ao lado, mais preocupado em repor sua tulipa de chopp (o buffett não tinha ara condicionado), não permitimos a unanimidade.
Lembrei-me imediatamente da professora Therezinha e suas aulas de interpretação de texto. Se alguma coisa é tudo, o resto é nada. O nada seriam nossos próprios pais, a carreira, a esposa, os amigos, os irmãos. Mas nossos pais são menos do que nossos filhos? Não é ingratidão com quem nos deu carinho e suporte desde sempre? E a luta para se formar, obter um bom emprego, crescer profissionalmente não têm valor algum?
Quando doentes, os filhos (ou qualquer outro parente próximo) absorvem toda a nossa atenção. Passam a ser tudo. Mas são situações especiais. E a exceção não pode ser a regra.
Deixando de lado a hipocrisia e frases de efeito politicamente corretas, vamos combinar que filhos são muito importantes, mas não são tudo.
SABER CONCILIAR INTERESSES E VALORES EQUILIBRAR SENTIMENTOS . È REALIZAR ARTE.A VIDA É UM FILME EM QUE TEMOS CENÁRIOS, DINÂMICAS E VÁRIOS PROTAGONISTAS . VIVER É ARTE ! ?
Excelentes o texto do André e o comentários do Joaquim. Equilibrar os sentimentos é a grande arte de viver bem.
Achei bacana o texto, mas quando falamos que “os filhos são tudo”, na verdade não estamos excluindo as demais pessoas. É apenas uma hipérbole, uma maneira um pouco exagerada de se mostrar o quanto se ama um filho. Nada demais. Bacana o texto, mas não podemos considerar tudo ao pé da letra. Agora, sugiro que você participe mais da festinha ao lado do seu filho, ao invés de se preocupar em completar o seu chopp. Complete o coração dele. Brinque com ele. Isso é muito importante para ele, pode ter certeza.
Não captaste o “espírito” do texto…….erro básico de interpretação.
Além do mais como você pode mensurar o quanto o Autor participa ou não da vida do filho por estar tomando um chopp?
Mas você mesmo parece não seguir o que você mesmo disse: “Bacana o texto, mas não podemos considerar tudo ao pé da letra.”
O emérito economista deve ter faltado na aula sobre figuras de linguagem da professora Therezinha, daí sua dificuldade em se relacionar com pessoas normais.
Caro
Acredito que você não me conheça para traçar o meu perfil psicológico.
Mas a crônica deve ter lhe afetado de alguma forma. E esse é o objetivo dos meus textos.
Grande abraço
Andre
Solteiro e sem filhos remonta-me algumas festas que fui e nas rodas de amigo ao surgir o comentário “filhos”, o projetivo (psicologismo meu apenas) emocional de desejosos pais amorosos de guerreiros que somos apenas por um momento fugir de certa instância niilista de sentido para coisas que se faz no dia a dia (cervejinha exacerba) :). Abs.
Pela data da publicação, minha filha já havia completado seus 5 anos. Não existia um final de semana que não estávamos dentro de uma casa de festa, e pelo comportamento de seu amigo (aquele do chop), havia uma grande chance de ser eu. Isso porque também não acompanharia o relator(poderia acompanhar também, a depender do tempo de chop) e também estaria preocupado com o cara da bandeja, preocupação que aumentava na medida que se aproximava dos minutos finais da festa.
Abraço.
Voce pegou o espírito do texto.
Abs