Esse não é um artigo sobre crises, embora elas também aumentem a volatilidade do mercado. O post trata do aumento das oscilações do mercado derivadas de aspectos relacionados à análise gráfica e também à análise fundamentalista. Muitos acreditam que a volatilidade das bolsas deve aumentar no médio prazo devido ao uso cada vez mais disseminado de ferramentas eletrônicas que buscam distorções nos preços dos ativos tendo por base o comportamento passado das ações. O reflexo disso se dá no aumento do número de negócios e na redução do intervalo entre eles. Assim, a parcela dos investidores que adota a análise gráfica tem contribuído para uma maior oscilação da bolsa. Contudo, existe uma razão baseada nos fundamentos das companhias que também deve colaborar para tornar o mercado acionário mais volátil: a redução cada vez maior do ciclo do produto.
Adeptos da análise gráfica começam a se preocupar com o uso indiscriminado de ferramentas de análise quantitativa. Como o olho humano conseguirá perceber arbitragens nos preços das ações competindo com robôs?
Esta é mais uma razão para os aplicadores abraçarem a análise fundamentalista e terem um horizonte de investimento de mais longo prazo. Mas aqui também há desafios. Vejo um aspecto estrutural nas companhias, logo relacionado à análise fundamentalista, que deve contribuir para uma maior oscilação no preço das ações: a queda do ciclo dos produtos.
A estabilidade da receita das companhias deriva da venda de seus produtos. Para isso, é necessário que a companhia fidelize seu cliente com investimentos na marca, na qualidade dos produtos e na distribuição. Contudo produtos lançados recentemente têm se tornados obsoletos muito rapidamente. Esse processo, além de elevar os gastos com pesquisa, desenvolvimento e propaganda, torna as ações das companhias mais arriscadas. Quem diz que o novo produto terá o mesmo nível de aceitação que o anterior e sustentará o nível de receita? A competição, as inovações tecnológicas e as alterações no gosto dos consumidores têm alterado a dinâmica do lançamento de novos produtos.
Essa preocupação não é nova. O conceituado investidor americano Philip Fisher na edição de 1957 do seu livro “Ações comuns, lucros extraordinários”, já tratava do tema. Dizia ele que de acordo com pesquisa da Hewlett Packard, 13% da receita da companhia era derivada de produtos lançados nos últimos seis anos.
Essa importância dos produtos novos para a receita só aumenta. Na Natura (NATU3), os produtos lançados nos últimos 24 meses foram responsáveis por 65% da receita de 2011. Em empresas de tecnologia, o ciclo do produto é ainda menor. Segundo reportagem da Época Negócios, a venda de alguns jogos sociais começa a decrescer fortemente apenas alguns meses após o lançamento: “Com raras exceções, esses jogos têm um ciclo de vida curto: não duram mais do que um ano. Esses brinquedinhos atraem novos usuários nos primeiros três meses. Depois disso, há uma queda gradual da audiência por seis meses. Alguns atingem um nível tão baixo de adesão que nem compensa mantê-los no ar”..
Essa nova característica atinge também profissionais de propaganda. Julio Ribeiro, o premiado publicitário da Talent, diz, em seu livro “Fazer Acontecer.com.br”, que o cenário acelerado reduziu “o tempo reservado aos planejamentos detalhados em desenvolvimento de produtos, lançamentos e campanhas”. E cita estudos. Segundo a Harvard Business Review, o índice de mortalidade no lançamento de novos produtos é de 7 em cada 10. Como reflexo, aumentou a mortalidade dos executivos. De acordo com a consultoria Egremont, nos Estados Unidos, Europa e Ásia, o tempo médio de permanência de um presidente no cargo caiu de 11,5 para 8,3 anos.
Então o que fazer? A saída como disse em artigos passados é balancear a carteira e não concentrar os recursos em companhias que apresentem a mesma tese de investimento.
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Sem dúvida André, as ferramentas automáticas de trades estão ai a todo vapor, atrás de possíveis distorções.
Posso lhe afirmar, que depois de um tempo razoável participando do mercado, e pular de estratégia em estratégia, NO MEU CASO, o que realmente funcionou foi enxergar o mercado apenas como o balcão de negócios.
Perdi muitas noites de sono, e dinheiro em cursos, livros e palestras tentando decifrar o mercado. E cheguei a conclusão que o mercado não deve ser decifrado. O que deve se decifrar (entender, dominar, etc) são negócios. Conhecer de negócios é a senha para ser um investidor bem sucedido.
O timing, o preço e tudo o resto, afirmo, É SECUNDÁRIO.
Obs: pelo menos pra mim, foi o que funcionou e funciona !
Caro Bruno
Em última instância, as ações se movem devido aos resultados operacionais e esses estão vinculados a bons negócios.
Darei curso em SP em novembro aliando a teoria da análise fundamentalista a minha prática em gestoras e corretoras. O que vejo no mercado são vários cursos de análise gráfica e os poucos de análise fundamentalista são apenas teóricos, ministrados, em geral, por pessoas que nunca trabalharam no mercado financeiro.
Acredito ser esse o grande diferencial do meu curso.
Abraço, André Rocha
Oi André,
Legal, vou ver se as datas do seu curso, “casam” com minhas datas disponíveis. Ai terei o maior prazer em fazer seu curso.
Olá André, você pretende trazer esse curso para Brasília em algum momento?
Oi Yuri
Com você, existem seis interessados em Brasilia. Havendo um número maior ou patrocínio consigo viabilizar o curso.
Abraço
André Rocha