Determinar a hora de vender uma ação pode ser mais complicado do que a de comprar. Mas a análise fundamentalista e a psicologia têm instrumentos que ajudam na decisão.
Um participante do curso que ministrei em Primavera do Leste, interior do Mato Grosso, no último fim de semana me fez a seguinte pergunta: “Como saber a hora de vender? Por exemplo, se a ação já apresentou valorização de 100% desde a aquisição devo vendê-la?”.
Primeiro, é interessante introduzir o conceito da teoria da perspectiva. Segundo ela, o investidor detesta perdas. Assim, após obter ganho com sua aplicação, tende a ser mais conservador, vendendo a sua posição e embolsando o lucro. Por outro lado, quando a ação não vem apresentando bom desempenho, tende a mantê-la de forma a não realizar o prejuízo.
Logo, por essa perspectiva, o participante do curso venderia rapidamente suas ações.
Mas para não seguir o instinto, o aplicador deve se fazer algumas perguntas? A apreciação do papel foi acompanhada de aumentos dos lucros. Suponhamos que a ação negociasse a R$ 5 e apresentasse um lucro por ação de R$ 1 no momento da compra. Dessa forma, o múltiplo P/L (preço por lucro) seria de 5 vezes. Algum tempo depois, o preço da ação dobra e o lucro por ação também. Assim, o múltiplo P/L continua sendo de 5 vezes. Caso o cenário permaneça positivo, o investidor deve manter a ação, pois ela não se encontra mais cara, com base no indicador P/L, do que no momento da aquisição. Utilizando o jargão de mercado não houve “expansão do múltiplo”. O preço da ação apenas refletiu o bom desempenho operacional da companhia. Ela subiu baseada em fundamentos sólidos.
Situação diversa se dá quando o preço da ação aumenta, mas o lucro por ação permanece o mesmo. No exemplo, o múltiplo teria avançado para 10 vezes, bem mais caro do que no momento da compra. A ação provavelmente subiu com base em expectativa de melhora de resultados devido a troca da administração (caso atual da BRF), aumento da produção (caso da OGX), aquisição de algum concorrente ou evolução da governança corporativa, por exemplo. Nesse caso, o mercado pagou antecipadamente por uma possível melhora do desempenho operacional. Aqui, a apreciação da ação foi bem mais frágil, pois baseada apenas em expectativas. Se a companhia não conseguir entregar o resultado prometido, a ação deve apresentar forte queda. Sendo assim, por precaução, o investidor deveria vender ao menos parte de sua posição.
Termos de Uso
As análises, opiniões, premissas, estimativas e projeções feitas neste blog são baseadas em julgamento do analista responsável e estão, portanto, sujeitas à modificação sem aviso prévio em decorrência de alterações nas condições de mercado. O analista de investimento responsável por este blog declara que as opiniões contidas neste espaço refletem exclusivamente suas opiniões pessoais sobre a companhia analisada ou fundos e foram realizadas de forma independente e autônoma. As opiniões contidas neste espaço podem não ser aplicáveis para todos os leitores devido aos diferentes objetivos de investimento e situação financeira específica. O autor não se responsabiliza e nem pode ser responsabilizados por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações. Toda e qualquer decisão de investimento baseada nas opiniões aqui expostas é de exclusiva responsabilidade do investidor.
Treinamento muito recomendado. Demonstrou toda técnica e domínio do assunto tratado. Parabéns!!
Valeu Portela. Parabéns pelo seu trabalho.
O mercado acionário (e a economia brasileira) precisa de empreendedores como você.
Abraço, Andre
Capaz André!
Muito obrigado pela atenção e fineza.
Grande Abraço
Muito bem explicado pois devemos analisar com base em premissas que foram cumpridas, pois os preços acompanharam o resultados, potanto pode-se continuar com ela.
Muitas vezes acontece que o investidor se apaixonar pela sua ação fica com pena de vendê-la criando uma relação sentimental e ao sair da posição sente-se frustado embora tenha realizado lucro.
Muito bom, lógico, simples e téncio , parabéns