Facebook, Google, Amazon, Microsoft e Apple possuem como característica buscarem a vanguarda tecnológica. Esse grupo faz parte da economia pós-industrial: a do conhecimento.
Todas são listadas na bolsa americana Nasdaq, com exceção da Google que pode ser investida indiretamente por intermédio da sua controladora Alphabet. Todas são grandes, mas elas são bem-avaliadas pelos investidores?
As marcas dessas gigantes são as mais valiosas do mundo, segundo levantamento da BrandZ, feito em parceria com a WPP e a Kantar Millward Brown, publicada pelo Valor em 7 de junho último. As cinco marcas foram avaliadas em US$ 1,2 trilhão, cabendo a Google puxar a fila com
US$ 245 bilhões, seguida por Apple com US$ 235 bilhões, Microsoft com US$ 143 bilhões, Amazon com US$ 139 bilhões e, no fim da seleta lista, o Facebook com US$ 130 bilhões.
Prova de que vivemos novos tempos, a Microsoft liderava a listra em 2006, mas as empresas seguintes — Coca-Cola, China Mobile, Marlboro e Walmart — não figuram mais no “top ten”.
Qual das companhias de tecnologia é a maior? Se olharmos o valor de mercado, ou seja, o quanto os investidores pagam por suas ações, a resposta é Apple com valor de capitalização de US$ 752 bilhões, seguida pela Alphabet, com US$ 658 bilhões; Microsoft, 540 bilhões; Amazon, US$ 461 bilhões; e Facebook, US$ 434 bilhões.
Caso queiramos olhar o faturamento, a maior continua sendo a Apple com faturamento em abril de 2017, considerando os últimos 12 meses, de US$ 220 milhões. A segunda colocação agora cabe à Amazon, seguida por Alphabet, Microsoft e Facebook.
Mas não necessariamente a maior é a mais bem-avaliada. Uma análise mais qualitativa deve comparar o valor de mercado com o lucro líquido ou o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização). Essas empresas não são perfeitamente comparáveis, mas a análise pode trazer algumas conclusões.
Em 2013, fiz uma provocação no post “O sonho da Apple é ser a Totvs”. Embora o valor de mercado da americana fosse muito superior ao de Totvs, a brasileira negociava com prêmio quando se comparava as duas companhia pelos múltiplos P/L (preço por lucro) e FV/Ebitda (valor da firma pelo Ebitda). Podíamos dizer que a Totvs era melhor precificada que a Apple. O fato de a Totvs ter uma base de clientes mais estável com assinaturas mensais, enquanto a Apple precisava (e precisa) renovar sua base de clientes a cada novo produto, explica o menor múltiplo da americana.
Esse problema persiste quando comparamos Apple com seus pares americanos. Apesar de ser a maior por valor de mercado e faturamento, é a pior avaliada em termos de “valor da firma” (FV da sigla em inglês) sobre a estimativa de Ebitda para 2017: 11 vezes. Os indicadores são do sistema de análise fundamentalista S&P Capital IQ. A companhia de maior múltiplo é a Amazon — 24,4 vezes, seguida por Facebook, 16,9 vezes; Microsoft, 13,3 vezes e Alphabet, 13,0 vezes.
Mas por que quando analisamos por múltiplo, a lista sofre modificações? As razões podem ser várias. Olhar a composição da receita de cada uma e suas margens Ebitda podem indicar a resposta. O site Visual Capitalist abriu a receita em 2016 de cada uma delas.
A Microsoft é a que apresenta a maior diversidade de receitas. Além disso, sua margem Ebitda é honesta: 33%. Por isso, a terceira colocação no ranking parece justa.
A Amazon negocia ao maior múltiplo. Apesar de sua atuação no varejo eletrônico, ela pertence a um segmento tradicional. Por exemplo, outra tradicional, a Coca-Cola, possui múltiplo FV/Ebitda em 2017 de 19,2 vezes. Em tese, seus modelos de negócios são mais estáveis, o que explica o indicador mais elevado.
Alphabet e Facebook chamam a atenção pela concentração da receita em anúncios — 88% e 97%, respectivamente —, apesar dos esforços para investirem em novas fronteiras. Anúncios são cíclicos e o aparecimento de uma nova mídia pode derrubar a principal fonte de receita dessas companhias. A elevada margem Ebitda de 54% pode explicar o múltiplo mais dilatado do Facebook, mas mesmo assim parece caro quando comparado ao das outras companhias.
Apesar da visibilidade de suas marcas, a análise da composição das receitas das empresas do setor de tecnologia mostra ainda forte concentração, especialmente de Alphabet e Facebook. Além disso, uma tecnologia disruptiva pode por em xeque o modelo de negócio. Isso tende a tornar os resultados das companhias de tecnologia mais voláteis, o que reduz os múltiplos nos quais são negociados. Os prêmios de Amazon e de Coca-Cola evidenciam essa tese. O antigo ainda possui espaço.
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