Entra ano e sai ano e as ações das concessionárias públicas sempre aparecem bem posicionadas no ranking dos maiores retornos com dividendos. A novidade é que, entre as maiores rentabilidades, apareceram setores sem tradição nesse quesito.
A escolha de uma ação não pode se basear apenas no retorno com dividendos. Ele é apenas uma das métricas a serem levadas em conta. O crescimento do lucro futuro, boa governança corporativa e múltiplos atrativos também devem ser considerados na seleção dos papéis para compor uma carteira.
Apenas o retorno com dividendos (“dividend yield”, em inglês) não garante um bom desempenho do papel. E o investidor nunca deve se esquecer de que o retorno total de um ação é composto pelo “dividend yield”, mas também pelo ganho ou perda de capital (o preço da venda menos o preço da compra). Muitas vezes, a perda de capital corrói completamente o ganho obtido com os dividendos.
Feita essa ressalva, calculei o “dividend yield” esperado para 2013 das ações que compõe o IBrX com base nas estimativas de consenso do mercado coletadas pelo sistema de análise fundamentalista S&P Capital IQ.
Aqui cabe uma segunda ressalva. Há dois conceitos para o cálculo do “dividend yield”: caixa e competência. A maior parte dos dividendos é paga após a Assembleia Geral Ordinária (AGO) que ocorre em até quatro meses após o encerramento do ano quando os acionistas aprovam a distribuição de dividendos sugerida pelo Conselho de Administração. Dessa forma, por exemplo, os dividendos pagos em 2013 são relativos ao resultado gerado em 2012. Pelo conceito caixa, o “dividend yield” de 2013 é referente ao resultado do ano anterior. Há também algumas empresas que pagam dividendos intermediários ao longo do ano, uma forma de antecipação da distribuição dos proventos relativa ao ano em curso. Nesse caso, os dividendos pagos em 2013 seriam baseados no lucro de 2012 e de 2013.
Para evitar essa confusão, utilizei o conceito competência, ou seja, os dividendos que serão distribuídos com base no lucro de 2013. Com isso, boa parte desses dividendos somente será distribuído em 2014, após a AGO (a empresa tem 60 dias a contar da assembleia para fazer o pagamento).
Pois bem, após tanta explicação, dos 11 maiores retornos com dividendos, sete se referem a companhias do setor elétrico e duas do setor de telecomunicações: Oi (OIBR4) e Telefonica Brasil (VIVIT4). Os controladores dessas duas empresas – Telemar Participações e Telefonica – apresentam restrições de caixa o que incentiva o pagamento de dividendos generosos. Esse é um bom exemplo de que olhar apenas os dividendos é enganoso. As necessidades do controlador, em algumas situações, podem se opor às das empresas. Os recursos distribuídos aos acionistas podem fazer falta, comprometendo os investimentos ou aumentando o nível do endividamento. A Oi vive esse dilema.
Entre as concessionárias surgem duas intrusas: Multiplus, a companhia de programas de fidelidade alta geradora de caixa e a incorporadora EZTEC (EZTC3). É interessante que uma incorporadora faça parte da lista, tendo em vista que o setor de atuação é intensivo em capital. Mas há uma razão. Boa parte dos projetos lançado no boom imobiliário – entre 2006 e 2009 – começou a ser entregue aos clientes. Assim, em regra, as incorporadoras repassam seus clientes aos bancos em troca de recursos. Com a desaceleração do mercado imobiliário, esse caixa deixa de ser destinado a novos projetos e pode ser distribuído aos sócios. Assim, não será novidade que incorporadoras menos alavancadas e que não tiveram problemas de estouro de orçamento (que reduz o lucro) passem a figurar entre as maiores pagadoras de dividendos nos próximos anos.
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Otima mtéria, interessante para o investidor e com uma projeção de resultados esperados e que podem ser concretizados.
Fico com GETI4, EZTC3,ELET6,CEMIG4 e acrescentaria GRND3 ainda com bom potencial de dividendos e valorização, pois a empresa está enxuta.
Oi andre!
Excelente texto!
Deixo como sugestão uma coisa: aumente o tamanho das letras do blog e coloque uma fonte mais “friendly”.
Como elas estão muito pequenas, a leitura não fica tão “friendly”.
O FII BB PROGRSSIVO II, está pagando, hoje, R$ 0,752763 (por cota de R$100,00), cotado, na média, ao valor de R$ 110,50. Em se tratando de um fundo, negociado em Bolsa, mas com características de renda fixa (aluguel de agências do Banco do Brasil para o próprio banco) não pode ser considerado como um “dividend yield” atrativo?
Na sua projeção para os dividendos de ELET6 2013 vc considera que não será pago o mesmo valor pago este ano (6% sobre o capital social, de acordo com o estatuto) ? Está considerando diluição por aumento de capital?
Não consegui chegar aos 8%.
Obrigado
Bom dia André:
Com respeito a média de 3,6 apresentada no gráfico trata-se de média aritmética, ponderada, etc e quais os números com que se chegou a ela.
Está muito baixo esse retorno, pois ai fica a decisão do investidor se vale o risco de comprar ações pelo ganho apresentado, principalmente se comparando com a renda fixa.
André, tudo bem?
Eu estou tentando entender esse lance de Dividend Yield e surgiu uma dúvida.
Como calculamos o Yield de um evento de Subscrição?
Obrigado
Boa noite, André!
Tenho uma pergunta que acredito ser básica, mas ainda não consegui encontrar um artigo ou comentário que me ajudasse. O direito do acionista de receber dividendos independe do mês em que compra as ações, sendo definido pela quantidade de ações que ele possui ao final do exercício financeiro? Ou existe algum outro mecanismo para cálculo?
Desde já obrigado!
Parabéns pelo blog!
Você compraria ações ELET6 pensando em dividendos para março ou abril de 2015?